LIBERDADE SIDERAL-Episódio 1

"De novo não!"
Pensou Gaio, observando os controles da nave e tentando calcular melhor a situação. Balançou a cabeça, e sentiu novamente o peso da responsabilidade nos ombros. Levantou a mão direita aberta e pousou sobre a cabeça, consternado. Olhou de novo para o visor holográfico e viu a data terrestre. Dia 10 de Abril de 2222. Pelos cálculos que tinha feito ele teria cerca de três dias para desacelerar e não se chocar com o próximo planeta de controle. 
Gaio estava na ponte de comando de sua nave familiar, a ONIRICA 357. Sua missão era chegar no mais novo planeta colonizado pelos humanos da terra, um verdadeiro paraíso segundo diziam, mas que ficava num sistema Solar bem distante, na periferia da galáxia mais próxima.
Linda, sua esposa e auxiliar da nave, chegou e tocou no seu ombro direito. Ele respirou fundo sem saber o que dizer.
- O que foi? Está tudo bem? - perguntou ela.
Ele olhou nos olhos dela sem saber o que dizer. Cerrou os olhos e pensou se não deveria apenas dizer que estava tudo bem. Mas ele a culpava, de certa forma. Havia avisado que não poderiam ir tão rápido. Que deveriam calcular não somente a velocidade toda semana, mas diariamente. Ela havia dito que ele precisava deixar parte dos trabalhos com ela. Precisavam se ajudar. E nisso ela tinha razão. Ela havia tido uma boa intenção. Mas havia esquecido, como de outras vezes, de checar com mais frequência e de calcular os meses subsequentes. Era a esposa dele, o amor de sua vida... e tinha tido boas intenções, ele não poderia puni-la nem demiti-la. Estavam no meio do espaço. Só haviam eles dois e mais seu filho de 20 anos que os acompanhava numa nave com tudo o que era necessário para sobreviverem e chegarem a seu paraíso. Mas, vocês sabem, com seres humanos e famílias, variáveis e variações são infinitas e sem controle. 
- Temos apenas três dias para desacelerar e não bater no próximo planeta de contato. Mas no ritmo que estamos vamos bater com tanta força que não restará nem pó da nossa nave - Gaio falou sem parar para respirar.
Neste momento, na porta da ponte, Gaio percebeu que Al, seu filho único de 20 anos estava ouvindo e observando, meio assustado e meio raivoso. Linda estava estática, olhando paa o espaço pela janela da ponte. Gaio nao conseguia decifrar o que ela estava pensando. Ele era tão apaixonado por ela que não sabia se a esganava ou se a beijava.. para variar... às vezes sentia-se refém do seu amor por ela. Al se proximou confuso e perguntou.
- Por que simplesmente não desviamos? Podemos só dar a volta, não?
Gaio olhou para Linda novamente. Mas essa só ficou parada. Ele respondeu. 
- Não temos combustível para dar muitas voltas. Por isso precisamos checar ao planeta ponto de controle. E mesmo que conseguíssemos desviar um pouco que seja, devo lembrar que este planeta na verdade é apenas uma das luas de um gigantesco planeta gasoso, cuja gravidade vai nos sugar se desviarmos qualquer ângulo que seja do curso calculado para nossa segurança.
Olhou para ela de novo. Mais uma situação que ele não podia controlar, que punha em risco toda a sua família, mas que ela mesmo havia ajudado a provocar. E agora? Ele teria que resolver. Mas como?

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